Uma coisa que eu sempre ouço narradores e jogadores falarem é sobre dificuldade de improvisar durante as sessões de jogo. Improvisar realmente não é fácil, requer muita ginástica mental e certa propensão para o caos: pessoas mais ordeiras costumam se sentir mais confortáveis ao prepararem as coisas antecipadamente.
Só que o improviso é algo muito importante no RPG, é o que permite sacadas geniais, frases de efeito lendárias, guinadas dramáticas e inesperadas na história. Todo mundo que joga RPG improvisa, em maior ou menor grau, mas não ter propensão para isso não significa que você não consiga jogar satisfatoriamente. Esse post é exatamente para jogadores e narradores que querem se preparar para o imprevisível, ter à mão as ferramentas necessárias para improvisar com estilo e sem dificuldade.
A primeira coisa que você precisa é de uma lista bem grande de nomes. A internet, que Cthulhu a abençoe, oferece uma maravilhosa ferramenta para isso, mas meu conselho é pesquisar antecipadamente e ter a lista na tela ou impressa. Nomes de pessoas, cidades, localidades, bares, restaurantes, tabernas, ruas, tudo que você puder pensar: faça uma lista organizada para cada categoria e não perca mais tempo na mesa para depois chamar o quinto NPC de João!
Um site maravilhoso para isso é o Fantasy Name Generators ––– www.fantasynamegenerators.com ––– no qual você encontra nomes de pessoas divididos por categorias (de etnia a país, de gênero de ficção a coisas que você nem imagina), nomes de localidades divididos pelo tipo de localidade (tem uma aba só de nomes de moinhos), nomes de coisas, itens, planetas, o que você puder pensar. Veja qual tipo de nome você vai precisar ter à mão e aproveite esse site maravilhoso.
A segunda coisa que você vai precisar são alternativas aos eventos e acontecimentos sequenciais que programou na sua campanha. Sei que você projetou a história de forma maravilhosa, que deixou agência para os jogadores ao passo que criou marcos para que a ficção se desenrole, mas lembre-se da seguinte lei universal do RPG: nenhum narrador jamais conseguirá imaginar tudo que se passa na cabeça dos jogadores. Faça uma lista de alternativas viáveis e genéricas e nunca mais seja pego de calça curta quando os jogadores elaborarem alguma saída criativa.
A terceira coisa que acho importante você ter em mãos: ganchos. Não, não ganchos para pendurar cadáveres, mas ganchos de aventura. Ideias e pequenos acontecimentos que possam movimentar a história caso se chegue a um impasse e os jogadores fiquem perdidos ou preguiçosos. A maioria dos jogos descreve vários ganchos temáticos nos livros, aproveite-se disso.
A quarta coisa que eu sempre acho muito útil é uma lista de particularidades para NPCs. Nada define mais o goblin Rumpletsinkin do que aquele nariz adunco, a verruga proeminente, e o chapéu preto e torto na cabeça dele. Faça uma lista com características físicas (voz, feições, roupas, adereços, imperfeições), de personalidade e de objetivos. Definir um NPC dessa forma aumenta a chance de um personagem criado no improviso se tornar um marco da sua campanha, uma personalidade amada ou odiada pelos personagens e pelos próprios jogadores.
O BÔNUS TRACK dessa lista é um conselho que tem muito a ver com meu primeiro post nessa coluna: referências! Assista, leia, consuma literatura, audiovisuais e tudo que puder sobre o que vai narrar. As referências são uma ótima fonte de improviso, são como listas de arquétipos do gênero estampadas em seu cérebro!
Então, improvisar é importante no RPG? Sim! Se eu não sei improvisar, não posso jogar? Claro que pode, mas quanto mais se preparar para o improviso, mais legais e imersivas serão suas intervenções, seja como narrador ou como jogador.
Agora quero saber: acha que esqueci de algo importante? Como você se prepara para imprevisível? Me conte nos comentários.