Já faz alguns anos que as redes sociais desempenham um grande papel no trabalho de divulgação da literatura de um modo geral, no entanto, cada avaliação depende muito de uma visão particular de cada leitor.
Há vários aspectos positivos e negativos que vieram junto com o surgimento dos perfis de criadores de conteúdo, voltados a analisar e divulgar obras de diversos autores e autoras, que muitas vezes visam um marketing, gratuito ou não, para as editoras que publicam livros no Brasil e no mundo.
O que inicialmente era um espaço para mostrar suas considerações sobre a leitura de um livro, transformou-se aos poucos em um palco para opiniões divergentes que, na falta de um argumento saudável e mais claro, afetam editoras e autores de maneira desonesta.
Hoje em dia, muitos perfis no Youtube e Instagram são voltados para análises e apresentação de obras literárias. O influenciador expõe suas próprias experiências com a leitura, o que é muito positivo para conseguir mais leitores para aquele autor/editora, porém, em análises negativas, dependendo da maneira como ela é abordada, pode afastar quem tem interesse na obra.
O que fazer nessas horas?
A não ser que você tenha total confiança nas opiniões e gostos dos perfis que acompanha, o aconselhável é sempre tirar suas próprias conclusões. Há muitas formas de se fazer isso e a principal é buscar novas avaliações. Existem certos pontos que pesam sobre as análises de uma obra, como a saturação de um gênero, um livro fora da zona de conforto ou o amor incondicional pelo autor. Gosto é algo muito subjetivo e uma obra que não tenha agradado uma pessoa não necessariamente vai desagradar outra.
Não foram poucas as vezes em que o famoso hype (usado para definir algo que está sendo muito comentado por todo mundo) passou uma rasteira em quem confiou nele. Livros que estão dando o que falar, mas que, quando vamos ler, não gostamos e nos faz sentir “fora da caixinha” por sermos uns dos poucos a discordar da maioria das opiniões.
Foi legal ver, quando expus em meu Instagram um tempo atrás que não havia gostado de um livro exageradamente em alta na época, muitos que ainda não tinham lido comentarem que, já que eu não tinha achado bom, não iriam comprar ou ler. Como lidar com esse tipo de seguidor que adere à sua opinião?
Em particular, não tenho o intuito de privar ninguém de uma leitura quando exponho minhas análises. O que não foi bom pra mim pode ser bom pra você. Obras com hype alto desagradam uma boa parcela de leitores, que, munidos da ansiedade de ter a mesma experiência de quem anda comentando sobre elas, acabam se decepcionando ou só vendo que o alarde não era cabível para eles.
São muitas vezes uma parcela desses leitores, que se desagradaram com aquele livro muito comentado, que começa a expor o seu desagrado e consequentemente podem, sem querer, desmotivar novos leitores a embarcar na leitura da obra em questão.
Como podemos lidar com isso de uma maneira saudável? Sempre que alguém leva em consideração minhas opiniões e diz que vai passar longe de algum livro só porque eu não gostei, eu a encorajo a ler e tirar suas próprias conclusões. Todo leitor pode perder uma oportunidade de conhecer a obra da sua vida quando se deixa levar por opiniões contrárias daqueles que não tiveram uma boa experiência. Isso vale também para profissionais da área ou críticos literários.
Assim como já passei pelo caso de não gostar de uma obra que todo mundo amou, já li obras que eram muito mal avaliadas, mas que estão na minha estante como parte dos livros que quero manter comigo para o resto da vida.
Se um livro não faz parte de seu gênero favorito ou você não queira se aventurar fora da sua zona de conforto, as opiniões podem não ser relevantes, independente de quem achou bom ou ruim. No entanto, esta é uma reflexão pessoal que pode fornecer uma base interessante para quem quer falar com propriedade e respeito do que acabou de ler, e para quem quer se aprofundar e ir além da opinião do perfil ou canal que segue.